segunda-feira, 26 de abril de 2010

Para sua irmãzinha

Por Gabriel Giraud
Belos adolescentes sem espinhas!

E QUAL é o assunto do momento? O babado que o Cadernos não podia ficar de fora? Hein? Hein? Não é a Alice, nisso a gente já está trabalhando, mas o furor que Alice causa não chega nem perto do furooor que sua irmãzinha mais nova sente quando vê aqueeele vampirão nas telonas.

Sim, é o novo-ultimate trailer do filme que vai bombar no dia 30 de junho! Sim, é o filme que você verá arrastado pela sua irmãzinha assinante da Capricho e da Toda Teen! Sim, é o filme com os vampiros e lobisomens por quem todas, ah!, suspiram! Sim, é o filme cuja atriz principal parece que congelou a sua cara de quem peidou na farofa azeda! Siiiimmm!!

Eclipse põe suas garrinhas de fora e mostra que a batalha entre vampiros e lobisomens vai ser emo-cionante! Esse trailer saiu nessa semana e todo mundo só comenta sobre ele na blogosfera, twittosfera e qualquer outro neologismo cibernético sufixado por –sfera. E mais! Novos stills caíram na rede. O Cadernos acha o vampiro mais bonito, falamos logo./tozuando

Expressividade!

A menina do meio deu mó tossidão apresentando o Oscar.

domingo, 25 de abril de 2010

Meio cheio ou meio vazio?

Por Rafael Mathias


Pare de se iludir. Você não vai conseguir tudo que quer da forma que quer, então fique com “o que funcionar”. Essa é a mensagem transmitida no discurso inicial do novo filme de Woody Allen, Tudo Pode Dar Certo. Tradução ruim de Whatever Works, que significaria literalmente “o que funcionar”, como já citado ali em cima. Também seria um péssimo título, mas o problema do título brasileiro é que transmite exatamente a mensagem oposta à do longa.

“Esse não é o filme ‘sinta-se bem’ do ano”, essa frase, incluída no discurso do protagonista Boris Yellnikoff (Larry David), expõe um personagem atípico aos tradicionais filmes de comédia romântica, mas típico das desventuras woodyallenianas. Boris é introduzido como um ser pessimista em uma “conversa de bar” e nos confirma isso ao conversar conosco. Sim, ele vira para a tela e inicia um discurso explicativo. Este recurso metalinguístico é ótimo para proporcionar uma maior identificação com Boris, de personalidade odiável e desinteressante para a maioria.



Larry David é Boris Yellnikoff que é Woody Allen. Aquele personagem neurótico que foi abandonado por Woody Allen há muito tempo, ressurge com a volta do diretor a Nova Iorque. Ninguém melhor que David (sem clichês) para interpretar esse personagem, com espontaneidade e sem nenhum tipo de overacting. Isso se deve ao fato de que em sua série Curb Your Enthusiasm (Segura a Onda) ele é tão neurótico quanto Boris (ou Allen), e mais, ele interpreta a si mesmo na série, como uma espécie de diário roteirizado. Para quem não sabe, Larry David é o co- criador e roteirista de Seinfeld.

O elenco de apoio é essencial, a coadjuvante Evan Rachel Wood interpreta com brilhantismo um estereótipo suave de garota do Mississipi. E os estereótipos são características chaves no filme. As personalidades de cada personagem, que a princípio pareciam imutáveis, se transformam para adaptando às situações.

Whatever Works no final das contas tem uma mensagem positiva, opositória ao inconformismo detalhista da sociedade contemporânea. Se satisfaça com o que for suficiente, resumindo “o que funcionar”.




sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sobre olhos e tetas

Por Gabriel Giraud


Atendendo pedidos e promessas, ela chegou! A crítica de O Segredo dos Seus Olhos, o filme argentino que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro, desbancando A Fita Branca e A Teta Assustada. Filme maravilhoso, uma história cheia de tensões e mistérios, uma reflexão sobre o tempo, a paixão e a memória. Uma obra-prima! Estupendo! Fabuloso! Espetaculaaar!

Tiro no pé número um: trilha sonora. Todos adoraram como o filme trata de uma história de amor por trás de tantos panos: um homem relembrando um caso, uma investigação, tensões profissionais... Mas quando toca aqueeela musiquinha fofa em violininhos... E isso mata o roteiro, que não tinha nada de meloso. A química que seria uma consequência da relação profissional entre Espósito e Irene é antecipada pela trilha. Além disso, a trilha cala silêncios que queriam berrar, principalmente [SPOILER] quando se descobre o prisioneiro perpétuo de Morales [/SPOILER]. Definitivamente, cinema não é só imagem – pena que ainda tem muita gente que não se toca disso.

Tiro no pé número dois: atuação da personagem de Irene. Digressão rápida: vocês se lembram de Zoolander? Sim, Zoolander, aquele besteirol americano onde o personagem-título, encarnado por Ben Stiller, é um modelo internacional e sabe fazer vários olhares, mas que todos os seus olhares fatais, na verdade, são os mesmos. Pois bem, é essa mulher. Todo olhar fofinho dela que era lançado ao protagonista tinha a mesma cara. E ela tem olhos muito bonitos! Mas aquele olharzinho com aquele sorrisinho de “oi-eu-acho-que-eu-tô-gostando-de-você” me cansou. Podem me xingar, mas a Irene ficou meio flutuante entre a mulher decidida e a indecisa.


Sim, o filme é muito bem dirigido, as cenas são lindas e, ao contrário de muita gente, achei o encadeamento das cenas muito fluido. E o plano-sequência no estádio de futebol é divertidíssimo – bem, qual plano-sequência não é divertido? Mesmo assim, ainda achei uma injustiça deeesse tamanho o Oscar não ter ido para o peruano A Teta Assustada. Um visual incrível, cheio de aridez e cores e closes e planos abertos; uma história louca, mas cheia de poesia e psicologia; relações que são difíceis de entender e atuação e direção justíssimas. Eu daria cinco estrelas para A Teta, mas para O Segredo dos Seus Olhos...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Top top

Por Gabriel Giraud e Rafael Mathias

Se você teve compromisso, casou, bebeu demais, estava sem grana, brigou com a namorada ou com o senhor seu marido, ficou de castigo ou foi preso, não importa! Agora você vai poder ver (ou rever) aqueeele filme maneiro que já saiu de cartaz. E por um precinho legal!

A nova mostra do Instituto Moreira Salles com os melhores filmes de 2009 segundo a crítica vem com vários títulos legais. E, como crítica é com a gente, o Cadernos decidiu fazer a listinha com a crème de la crème: os melhores filmes segundo o Cadernos dentro da mostra dos melhores filmes de 2009.

Primeiro, Tarantino. A obra-prima – para muitos – de Quentin Tarantino nos criou uma excitação sanguinária pela Segunda Guerra. Os diálogos, como sempre, memoráveis... mas as que são proferidas pelo ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante Christoph Waltz nos levaram ao delírio. Leia mais sobre os Bastardos aqui.

O sueco Deixa Ela Entrar (Låt den rätte komma in) ficou várias semanas na salinha 3 do Estação Botafogo, quase sempre com sua única sessão lotada. O clima frio e tenso do filme, as psicoses do menininho que sofre bullying, a vampira e seu tutor assassino são elementos que podem arrepiar qualquer um. Mas o lirismo que a relação deles tem forma um contraponto interessantíssimo, onde as monstruosidades da vampirinha são aceitáveis e perdoáveis. Impossível não amá-los, ainda mais com uma história tão simples e tão original.

Clint Eastwood aparece em dobro na mostra, e recomendamos os dois filmes. A Troca (Changeling) tem uma linda fotografia, um roteiro convincente, cheio de mistério e uma Angelina Jolie madura na atuação. Gran Torino mostra como a tolerância e o respeito conquistam até um homem que parece um galho seco de tão morto. E também mostra como a família pode parecer estranha e como a amizade pode nascer das diferenças. Simples e marcante, com uma direção muito contundente e direta.

Marcando presença na nossa listinha, não poderia faltar um filme tupiniquim. Bem, o protagonista se trata de um dinamarquês. Cidadão Boilesen é um documentário não apenas sobre esse homem que contribuiu com a ditadura militar, mas também como a ditadura era bastante civil, financiada por empresários. E a narrativa tem umas tiradas quase que pop, com musiquinhas ritmadas que fazem do filme uma aula didática e interessante.

E o filme que causou discórdia entre os membros do Cadernos, mas que é um dos favoritos de muita gente, é o último de Almodóvar. Abraços Partidos (Los Abrazos Rotos), antes de contar uma história, faz uma ode ao cinema. Usando o Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos para homenagear o nosso amado mundo audiovisual, ele cria uma trama bem típica, com idas e vindas e altos e baixos e, sobretudo um visual digno de exposição de cada frame da sua película. Penélope brilha com as cores de Almodóvar. E os acontecimentos que acontecem por um triz sempre nos arrepiam.

A mostra começou na terça dia 20 e vai até quinta-feira, dia 29. Algumas sessões serão seguidas por debates com especialistas do universo cinematográfico. Há vários outros títulos, como Entre os Muros da Escola (Entre les Murs), Garapa e Foi Apenas um Sonho (Revolutionary Road), veja a programação aqui. Os preços são 10 reais a inteira e 5 a meia. Esperamos que vocês aprovem nossa seleção! E... quais as apostas que vocês já têm para 2010?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Fora de Sintonia

Por Rafael Mathias


Para quem gosta de sitcoms, um filme que tem Tina Fey e Steve Carell como protagonistas é promessa de comédia em dobro. Mas nem todas as promessas nos são cumpridas. Em Uma Noite Fora de Série, os protagonistas de The Office e 30rd Rock saem de suas séries para fazer um casal sem graça, num filme sem graça.

Todos os elementos criados para se destruir um filme de comédia estão presentes na trama: casal se metendo em confusões extracotidianas, péssimos atores como vilões, cenas de perseguição que desafiam todas as leis da física, e, o pior de tudo, o não respeito do tempo real aceitável (sabe aquelas cenas em que uma bomba marcando 10 segundos no cronômetro demora 1 minuto pra explodir, pois é, similar, só que sem edição). O próprio filme parece fazer pouco caso da história exibida, ao nem tratá-la com seriedade nem ironia, e sim com uma comicidade superficial.

O elenco de apoio, cheio de celebridades, se ridiculariza só de abrir a boca. Steve Carell continua sendo um ótimo comediante e cai bem no papel que lhe foi designado, a cara de besta ajuda, a de Tina Fey não. Não há praticamente nada a se aproveitar no filme. Triste para os fãs das séries, triste para o cinema de comédia atual. Um rabisco pelo Carell, para não dar zero.

Solta a roda e vira


A segunda edição do Viradão Carioca veio meio capenga – adiada devido às chuvas que ocorreram no Rio há duas semanas – mas vai tentar bater o seu nem tão estrondoso sucesso do ano passado. A Virada Cultural, evento já tradicional em São Paulo, replicou-se nessa versão carioca baseando-se nos pilares acesso à cultura, integração e ocupação da cidade. O Viradão vai acontecer nessa sexta, sábado e domingo (23, 24 e 25 de abril).

E é claro que o cinema não poderia ficar de fora! O Cadernos buscou na – infelizmente, nem tão extensa – programação cinematográfica do Viradão e selecionou o que você não pode – ou não deveria – perder.

Sábado e domingo haverá sessões no Cine Santa, em Santa Teresa. Tudo grátis! Mas atenção: as senhas para todas as sessões de cada dia serão distribuídas no próprio dia de exibição, assim que o cinema abrir (por volta de meio-dia, segundo o simpático rapaz que atendeu nosso telefonema). Destaque para os filmes O Homem Que Engarrafava Nuvens e Só Dez Por Cento É Mentira [crítica aqui].


Manoel de Barros na sua desbiografia cinematográfica Só Dez Por Cento É Mentira.


Já no Centro Cultural Parque das Ruínas, também em Santa Teresa, terá sessões de filmes não-narrativos, com VJs e música eletrônica ao vivo. As projeções serão nas paredes das ruínas. A performance audiovisual acontecerá nos três dias do Viradão, sempre no mesmo horário, das 19h às 22h, também grátis. Na verdade, essas performances muito experimentais, diferentes e modernosas nos amedrontam um pouco, mas vai que você não vai estar fazendo nada... quem sabe você conheça pessoas interessantes, pelo menos...

Confira o resto da programação de cinema e outras artes no Viradão Carioca aqui. E só cuidado para não sair virando todas, hein!


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ode ao gauchês teen

Por Gabriel Giraud


O cinema brasileiro se resume a favela, violência, questões sociais, zero-meias e zé pequenos, certo? Errado. Tem muito filme muito bom que trata do homem-indivíduo, de análises psicológicas, de sentimentos... Noite Vazia (Walter Hugo Khouri), Bicho de Sete Cabeças (Laís Bodanzky) e Eu Sei Que Vou Te Amar (Arnaldo Jabor) são alguns títulos que são como óleo no oceano do cinema brazuca.

Os Famosos e os Duendes da Morte tem uma pretensão de ser um filme revolucionário, pois trata do universo ligeiramente emo dos adolescentes, passando por questões como a rede de contatos virtual e amor, depressão e morte. Além disso, sua estética busca a plasticidade e a perfeição a todo custo, com movimentos de câmeras vazios em significado e enquadramentos fotográficos pelo simples prazer de colorir a tela com um desenho bonito. Bem que minha mãe dizia: “meu filho, se você come chocolate todo dia, você vai acabar esquecendo o quanto é bom comer chocolate”. Aqui é um pouco a mesma coisa: cada travelling charmoso do menino no computador indo da esquerda pra direita, cada luz refletida nos belos cabelos castanhos, cada close naqueles rostinhos burgueses acaba soando como um excesso.


A história também tem a pretensão de mostrar a vida dos jovens de hoje. Então, prepare-se para uma vida vazia, chata e com o iPod no ouvido. As tensões são misteriosas, o que é reconhecível é tudo aquilo que todos nós já conhecemos do universo adolescente: menininho querendo pegar menininha, menininho fumando baseado, menininho na internet, menininho brincando com o outro menininho e, incrementando, menininho numa vibe emo. A relação com a família é relativamente fria, a relação com a cidade é estranha para nós, moradores de uma megalópole.

A criançada é a velha burguesia tête-à-claque com carinha de picolé de chuchu. Bem, há quem goste. No fim, senti que perdi duas horas da minha vida vendo aquilo. Nosso parceiro de blog, Mathias, curtiu, achou original. Pois é, como eu disse, há quem goste. Mas eu ainda queria uma originalidade com algo que fizesse mais sentido. E a nova geração, em vez de ter pretensões de originalidade absoluta, podia dialogar mais com as maravilhosas obras do cinema brasileiro de outras gerações que fogem do feijão-com-arroz cinematográfico.

sábado, 17 de abril de 2010

Tem gente?

Você já reparou que a maior parte dos filmes de Kubrick possui ao menos uma cena importante que se passa em um toalete? Eu demorei a reparar...

Em Nascido Para Matar (1987), por exemplo, quem não se lembra da cena memorável em que o enlouquecido soldado (Vincent D'Onofrio) estava num banheiro coletivo, sentado num vaso sanitário e armado? Ou em Laranja Mecânica (1971), onde Kubrick nos leva ao W.C., e passamos a apreciar Alex (Malcolm McDowell) se aliviando após estuprar a dona da casa? E, em O Iluminado (1980), na cena do banheiro em que o garçom diz ao Nicholson que matou a mulher e a filha por elas discordarem dele e Nicholson se vê próximo a mesma situação?

Talvez tantas cenas no banheiro sejam apenas um reflexo kubrickiano, no qual descobrimos que este é o lugar onde nos sentimos mais a vontade em casa, e por isso nos permitimos fazer praticamente qualquer coisa. Será?







Um Filme Legal

Por Gabriel Giraud




É sempre um tremendo desafio falar sobre filmes de ação. Ou é maneiro, ou é clichê. Bem, até os maneiros são clichê, mas, por alguma razão de identificação, nós gostamos. Mas imagine você vendo só borrões; a câmera fica naquele treme-treme de guerra e tensão psicológica e tem um corte a cada segundo. Até os diálogos fora de campo de guerra têm o treme-treme. A câmera grita (recomendo um saquinho emergencial ao seu lado). O mais engraçado disso tudo é que eu saí do cinema falando pra mim mesmo “caramba, que filme legal!”.


Sim, é mais um filme do Matt Damon cheio de ação. Mais um filme do diretor dos filmes Bourne cheio de ação. Mais um filme da Guerra do Iraque cheio de ação. Mais um thriller cheio de ação. É mais um filme de ação – é verdade que tem tanta ação que deixa a gente até meio tonto –, mas ele prende a gente. Não pela ação em si, mas pelo suspense que é criado. O subtenente vivido por Damon estranha os “tiros na água” com os quais sua tropa vem se deparando. Eles têm que achar armas químicas e biológicas. Mas nunca acham. Não precisamos nem ser adivinhos para saber o porquê de eles nunca acharem as armas. Descobri o fim do filme aos dez minutos. Mas ainda sim é um filme legal.

Nesse suspense há duas alas rivais dentro do exército americano, o Pentágono, representado pelo personagem vivido por Greg Kinnear (o irmão gêmeo siamês de Matt Damon no filme Ligado Em Você, sim, recordar é viver!) e uma jornalista que usa o personagem de Kinnear como fonte para seus artigos. E todo mundo já sacou a história do filme. As falas são muito machão americano: “we are not playing games, kid” e por aí vai... Mas ainda sim é um filme legal.


Não sei que elementos podem ter causado esse encanto pelo filme. Talvez seja pelas imagens granuladas. Talvez por ser o primeiro filme que eu vejo onde negociar com ditadores fundamentalistas islâmicos é a ação principal do mocinho. Talvez pelos olhos azuis de Matt Damon. Talvez por eu ser uma cria de Domingo Maior com Temperatura Máxima... mas esse longa tem uma cerejinha que definitivamente torna o filme muito legal.

Os cult-nietzschinianos não vão gostar. Mas, assim como eu, muita gente pode achar esse filme... legal.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Amor, ódio e sabres de luz

Por Rafael Mathias 

Selecionado este ano para o Festival É tudo verdade, o documentário O Povo Contra George Lucas aborda a obsessão dos fãs pela saga Star Wars. Seguindo por esse viés, o longa consegue dissecar várias questões relacionadas à produção, distribuição e marketing que originaram e mantiveram a fama do universo Jedi.

O amor de um geek não tem limites, e se tratando de Star Wars é forte à ponto de virar ódio. É em torno disso que se desenrola o filme, e o melhor de tudo, com uma aguçada abordagem humorística.

Com uma grande quantidade de entrevistados (entre eles o diretor Francis Ford Coppola) e material amador reunido, os admiradoes dos filmes e do diretor dão depoimentos expressivos e reacionários. Além disso, parte deste material é formado por produções amadoras dos fanáticos. Além de depoimentos, os vídeos são homenagens, extensões da história, remakes, ou “correções”. Este último existe porque a adoração da geração de fãs dos anos 70 à primeira trilogia, não se repete para a segunda.

A instatisfação dos fãs com os episódios mais atuais, também ocorreu com o lançamento dos DVDs da edição restaurada por George Lucas (que trazia modificações às cenas e à história). O diretor alegou posteriormente que a versão original não estaria mais disponível e os negativos foram destruidos. Isso leva o documentrário para um debate interessantíssimo: de quem seriam, na prática, os direitos de um filme que afetou tanto uma geração e faz parte da cultura pop até hoje?

O documentário é muito mais do que isso. Com uma ótima edição e imparcial da forma como pode ser, os dois anos e meio de produção foram bem aproveitados para nos trazer esse ótimo filme.

Que a força esteja com você.


segunda-feira, 12 de abril de 2010

Belo mundo cruel

Público para a sessão de "O Deserto da Arte Proibida"

O festival É Tudo Verdade já está rolando no Rio desde o dia 9 de abril e vai até o próximo domingo 18. Nesse ano, além do CCBB, outros lugares estão participando do evento: Unibanco Arteplex, Cinemark Downtown, Ponto Cine Guadalupe, Cine Santa Teresa e Instituto Moreira Salles. Vale MUITO a pena caçar os títulos pela programação, pois muitos não entrarão no circuito comercial, outros serão os cobiçados em outros festivais, como o Festival do Rio e, certamente, todos ampliam bastante nossos horizontes. Além de tudo, todas as exibições são de graça. Segue texto da divulgação, desse link:

O festival chega a sua 15ª edição, sempre trazendo o melhor da produção documental de cada ano. A competição internacional delongas e médias-metragens apresenta 12 títulos, rodados nos cinco continentes, além de nove produções na disputa internacional. Entre os longas estrangeiros destaca-se: O Homem Mais Perigoso dos Estados Unidos: Daniel Ellsberg e os Documentos do Pentágono, de Judith Ehrlich e Rick Goldsmith. Indicado ao Oscar 2010 e premiado no Festival Internacional de Documentários de Amsterdam, o documentário retrata o ex-analista militar americano que divulgou papéis secretos, expondo mentiras de cinco presidentes sobre a Guerra do Vietnã.

Nesta mesma competição, O Jogador (The Player), de John Appel, vencedor do prêmio de Melhor Documentário do Festival de Amsterdam 2009. Partindo de uma história familiar, Appel investiga o vício em apostas. Entre os curtas concorrentes, destaca-se o novo filme do cineasta brasileiro radicado na Espanha, Sergio Oksman. Notes on the Other é um ensaio sobre a identidade a partir de um episódio marcante na experiência espanhola de Ernest Hemingway.

Programação aqui. E, para os atrasados/desesperados (eu!), haverá uma reprise da mostra Retrospectiva Alain Cavalier no dia 19 no Cinemaison, na Maison de France. Bom filme!

Iguacine 2010

Nesta quinta-feira, dia 15, começa o IGUACINE 2010 (3o Festival de Cinema de Nova Iguaçu). O evento, que termina no dia 21, contará com a exibição de longas e mostras competitivas de curtas. A entrada é franca.

VEJA A PROGRAMAÇÃO AQUI

Teaser de um dos curtas selecionados para a mostra competitiva




MAIS INFORMAÇÕES

Mamãe é de morte [made in Korea]

Por Gabriel Giraud


Fui comemorar o novo visual do blog indo ver sozinho a estreia de Mother – a busca pela verdade. Vi que a crítica era muito boa e que era um filme coreano. Isso tem se tornado uma constante no mundo do cinema: thrillers coreanos com críticas excelentes. Daí, pra não perder tempo com miudezas, já fui esquadrinhando como o filme devia ser (de acordo com os poucos filmes coreanos que vi): situações extremas de desespero; emoções e reações desmesuradas; psicose/psicopatia; polícia incompetente; mortes violentas; narrativa capciosa; final trágico e pessimista. Pra quem não viu, veja O Caçador (crítica aqui), e os do Ki-duk Kim Time, Fôlego e Casa Vazia. (Apenas Time e Casa Vazia têm exceções nessa listinha.)

Malz aê pelo spoilerzinho, mas, sim, temos todos esses elementos no filme. Nesse caso, a psicopatia superprotetora da mãe é o carro-chefe da história. O assassinato, a acusação do filho com problemas mentais e as descobertas da vida da vítima são os elementos que brincam com a cabeça já não muito boa da velha. E o legal disso é que tudo, todos os detalhezinhos, as minúcias, tudo, tudo, é muito bem feito. Uma coisa leva à outra de tal maneira que você não imagina, mas, uma vez que se tem uma informação, nenhuma outra coisa pode ser verdade. E isso é quebrado majestosamente. “A busca pela verdade” pode não valer a pena. E mais, ela pode ser remediada! Joon-ho Bong, roteirista e diretor do filme, ganhou meu “bravo!”

Mas o que me amedronta, me surpreende e me instiga é como uma narrativa oriental pode ser considerada genial no ponto de vista da crítica ocidental. Parece que estamos sedentos por essa psicopatia social tão características dessas áreas superpopulosas e por uma estética que saia do pop ladygaguiano. Talvez não, talvez seja uma real genialidade desses diretores coreanos que conseguiram, com suas temáticas, transcender com uma narrativa simples e chegar num íntimo humano jamais antes alcançado – o íntimo do desespero (sem apelos ao terror gratuito, mas ao terror como consequência de medidas desesperadas). Questões para pensarmos.

Não sei se você sabe, estimado leitor, que um filme que provavelmente você viu e muito provavelmente você a-m-o-u foi escrito e dirigido por Bong. Tokyo!, aquele filme tríptico com três médias (uma do Michel Gondry, Interior Design; outra do Leos Carax, Merde; e a terceira dele mesmo, Bong, Shaking Tokyo). Esse filminho dele, bem como Mother, trata a sociedade como uma máquina má. Escapa dela quem se isola completamente. Mas deixemos isso de lado.

Por fim, os simbolismos, a estética, a atuação e, principalmente, a narrativa, me fizeram dar o meu primeiro cinco rabiscos. Eu, ao longo do filme, hesitava entre três ou quatro rabiscos, mas, pela primeira vez, eu vi um deus ex-machina que faz o filme ganhar uma dimensão absurda. Uma agulhadinha e – nunca pensei que anestesiar uma dor e a consciência fosse tão simples. Talvez seja por isso que esse filme seduz. Nunca a anestesia e o torpor, tão desejados pelo homem moderno, foram tão francamente expostos.

(Música final maravilhosa. Pena que a p*** do Espaço de Cinema esteja com o som horrível.)