sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Do Começo Ao Fim

Por Gabriel Giraud



Uma ideia que tinha tudo pra dar certo. Dois meio-irmãos se pegando. Polêmica em dobro: incesto e homossexualismo. Além disso, atores gatos e bem-dotados (pra quem curte sacanagem gay, prato cheio). Geral vai na expectativa de ser uma história cheia de repreensões e porradaria com a família, cheia de angústia e de sentimento de amor e culpa, enfim, espera-se algo de minimamente denso.

Mas não. O que vemos é uma polêmica com cara de novela do Manoel Carlos com musiquinhas superbregonas, um casarão na zona sul, uma familia que leva a relação dos dois numa boa e, como conflito principal, o convite para que um dos irmãos viaje para a Rússia. Visto que eles são podres de rico, francamente, se um viaja pra Rússia, o outro pode muito bem ir junto. Afinal, so são três aninhos lá... E, adivinha!, é isso que acontece.

Além desse meu spoiler da obviedade e da falta de dedicação num roteiro mais bem estruturado, temos mais ingredientes extremamente irritantes: atuação pífia (salvo raras exceções, como Julia Lemmertz); romantismo e extremismo novelescos (uma coisa quase como Romeu e Julieta interpretados por aspirantes a ator recém-(mal)-formados na CAL); ritmo familiar, com planos e contraplanos de closes dignos das vinte e uma horas da Globo. Um desperdício de película.

O que realmente choca no filme: uma história totalmente fora da mesmice contada com a mesmice de filmes clichês com musiquinha chata e montages cheios de fusões; a leitura de um trecho de um livro da Hilda Hilst muito mal-lido; pensar como que as crianças foram trabalhadas para atuar esses personagens (ei, espera... isso foi divertido na verdade); e, o pior de tudo, a cena com o cachorro na praia. Cachorro na praia não pode, todo mundo sabe que traz muita doença... Isso é feio, nada politicamente correto.

Não dá pra ver do começo ao fim. E esse um rabisco é pela Julia Lemmertz!



quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Lua Nova (New Moon)

SESSÃO "Cedendo Espaço"
Por Giulia Prates


Adaptar uma obra literária para os cinemas é sempre uma tarefa complicada. Com a limitação de tempo, é difícil não deixar partes importantes de fora, principalmente com livros compridos, como é o caso de Lua Nova, de Stephenie Meyer. Além disso, sendo a obra uma febre mundial, a pressão que cai sobre a produção do filme é ainda maior. Porém, os fãs do livro não ficarão tão decepcionados com esse filme quanto provavelmente ficaram com o primeiro da saga Crepúsculo. Além de incluir todas as partes essenciais do enredo, o segundo filme da seqüência conseguiu superar a principal falha de seu precursor - a de transmitir a atmosfera certa do livro.

Em minha humilde opinião de fã de Crepúsculo, esse segundo filme passa da melhor maneira possível as fortes sensações de obsessão, perda e sofrimento da protagonista Bella (Kristen Stewart), que são de maior importância no livro. Por exemplo, a seqüência em que ela está sentada em seu quarto, na mesma posição, enquanto os meses se passam lá fora, foi uma ótima saída encontrada pelo diretor Chris Weitz de mostrar uma grande parte do livro sem cansar o público.

Porém, nem mesmo o bom trabalho de Weitz pôde superar as inúmeras falhas da atuação de Robert Pattinson, o vampiro-galã Edward Cullen. Suas sofríveis expressões faciais, assim como seu ainda-mais-sofrível batom, impedem que o público se afeiçoe pelo personagem do filme, como Stephenie Meyer conseguiu que se apaixonassem no livro. Pelo contrário, é Taylor Lautner, como o lobisomem-galã Jacob Black, que conquista a audiência. Sua atuação é indiscutivelmente melhor do que as dos demais protagonistas, o que causa uma confusão nas cabeças de quem assiste ao filme, na hora de escolher seu time (Jacob x Edward). Kristen Stewart, com sua precária performance que inclui apenas duas expressões faciais (igualmente monótonas), também perde pontos para a avaliação da obra. Pra completar, a tão esperada aparição da jovem atriz Dakota Fanning foi curta demais, não sendo suficiente para salvar a reputação do elenco.

O filme se perde um pouco ao se encaminhar para o final. As últimas cenas são mal construídas, com transições bruscas, o que torna difícil a compreensão para quem não está familiarizado com a história. Honestamente, à parte de ótimos efeitos especiais e emocionantes cenas de ação, o filme não apresenta muitos elementos que façam seu dinheiro do cinema valer a pena.