Uma ideia que tinha tudo pra dar certo. Dois meio-irmãos se pegando. Polêmica em dobro: incesto e homossexualismo. Além disso, atores gatos e bem-dotados (pra quem curte sacanagem gay, prato cheio). Geral vai na expectativa de ser uma história cheia de repreensões e porradaria com a família, cheia de angústia e de sentimento de amor e culpa, enfim, espera-se algo de minimamente denso.
Mas não. O que vemos é uma polêmica com cara de novela do Manoel Carlos com musiquinhas superbregonas, um casarão na zona sul, uma familia que leva a relação dos dois numa boa e, como conflito principal, o convite para que um dos irmãos viaje para a Rússia. Visto que eles são podres de rico, francamente, se um viaja pra Rússia, o outro pode muito bem ir junto. Afinal, so são três aninhos lá... E, adivinha!, é isso que acontece.
Além desse meu spoiler da obviedade e da falta de dedicação num roteiro mais bem estruturado, temos mais ingredientes extremamente irritantes: atuação pífia (salvo raras exceções, como Julia Lemmertz); romantismo e extremismo novelescos (uma coisa quase como Romeu e Julieta interpretados por aspirantes a ator recém-(mal)-formados na CAL); ritmo familiar, com planos e contraplanos de closes dignos das vinte e uma horas da Globo. Um desperdício de película.
O que realmente choca no filme: uma história totalmente fora da mesmice contada com a mesmice de filmes clichês com musiquinha chata e montages cheios de fusões; a leitura de um trecho de um livro da Hilda Hilst muito mal-lido; pensar como que as crianças foram trabalhadas para atuar esses personagens (ei, espera... isso foi divertido na verdade); e, o pior de tudo, a cena com o cachorro na praia. Cachorro na praia não pode, todo mundo sabe que traz muita doença... Isso é feio, nada politicamente correto.
Não dá pra ver do começo ao fim. E esse um rabisco é pela Julia Lemmertz!