“Rigor” é um substantivo que denota uma qualidade – ou defeito, para muitos – determinadora de precisão, rigidez, exatidão. Também denota outras atitudes caracterizadoras de vigor, educação, perspicácia, inteligência e trabalho árduo. Num filme, um trabalho rigoroso é dito de uma obra em que uma vasta pesquisa, o trabalho de atores e o da arte foram feitos de forma quase que extenuante, intermediados por uma fotografia sem rodeios, clássica e, muitas vezes, difícil.
Igor Stravinsky era um homem que prezava pela cultura. Ele, além de compositor e maestro, escreveu livros e era sedento por conhecimento. Flertou com diversas formas e gêneros dentro da música clássica e fez importantes parcerias. O rigor era um de seus fortes. Era um vanguardista; nem sempre sua obra era bem aceita. No entanto, teve seu reconhecimento e é visto até hoje como um compositor perfeccionista e metódico.
Nesse contexto, qualquer filme que for tratar do romance desses dois personagens pode cair numa rota perigosa. Não se sabe muito do affair que eles tiveram. Mas, como eles eram pessoas relativamente fechadas com suas vidas privadas, para manter a verossimilhança no roteiro, a invenção do dia-a-dia da “história de amor” de Igor e Coco pode cair no tédio. E é isso o que acontece em Coco Chanel & Igor Stravinsky.
Nessa adaptação de um romance para roteiro de cinema, houve falta de elementos dramáticos necessários em uma trama desenrolada no audiovisual. Houve a filmagem de dois personagens com seus turbilhões emocionais, mas que não externaram isso tão bem. E o prolongamento disso num filme relativamente longo piora o processo.
O roteiro deveria ter pensado a história como filme. Assim, uma boa história seria a que contasse o affair de Coco e Igor como nada mais do que um affair, e talvez com elementos que fossem, pelo menos, mais didáticos, ou de qualquer outra natureza que preenchesse o vazio dessa relação (e o tédio do público). Uma história ganharia um trato rigoroso. Rigor esse que faria qualquer história ser digna de ser vista.
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