sábado, 17 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds)

Por Rafael Mathias





Para se fazer um filme de guerra ultimamente é preciso ser original. Para um diretor que consegue ficar entre o mainstream e o underground como Quentin Tarantino, originalidade é pouco. Needless to say: o cara domina a técnica, não tem como negar.
A estrutura narrativa que permeia Pulp Fiction está lá, a divisão em 5 capítulos de Kill Bill, idem. O glorioso tiroteio de Reservoir Dogs não poderia estar mais evidente.
Sim, o Tarantino estava testando a gente, como eu não me toquei antes?! Ele simplesmente percebeu tudo que deu certo em seus outros filmes e refez de uma forma extrema, ambientando no maior acontecimento do século XX. Genial. Mas isso é tema pro Tarantino’s Mind 2.
Tenho que comentar de forma menos generalizada a primeira cena, que é uma das mais bem fotografadas e com diálogos mais bem construídos. A seqüência é longa e a tensão é algo fora do comum. Destaque para a cena da sala de projeção, que é a mais dramática do filme. Embalada por uma belíssima trilha, como em outros momentos, a música se torna um elemento indispensável. A direção de Tarantino explora todos os ângulos, distâncias e movimentos de câmera. Por fim, obviamente, a atuação de Brad Pitt. Ou talvez não, melhor só ficar quieto e aplaudi-lo (novamente). A surpresa é Christoph Waltz roubando a cena. Até então nunca tinha ouvido falar dele, agora já sou fã.
O melhor de tudo é que o filme não passa aquela sensação de clichê patriota. É um filme sobre judeus muito irritados que buscam vingança e alemães sendo ridicularizados do início ao fim. Vingança. Se deu certo no Kill Bill... entendeu? A garganta do Tenente Aldo Raine não tem aquela cicatriz à toa, certo? Pois é, vingança.
Comédia, thriller, noir, o filme é universal, para mim, o melhor do ano. E para uma obra-prima dessas nada melhor do que dizer: “Imperdível!”. Obra prima, ah! Curiosamente, a última fala do filme que sai da boca do Brad Pitt, que olha para a câmera e diz: “THIS MIGHT BE MY MASTERPIECE.” Alguém duvida que quem ta falando isso pra gente é o esnobe do Tarantino? Tudo bem, é sua obra prima, mas não justifica furar no Festival do Rio. Quero ver é furar o Oscar 2010.


9 comentários:

Unknown disse...

na minha humilde condição de semi leiga, adorei a crítica..haha
esse filme é maravilhoso. vale muito a pena :)

"beeeaar jeeew"...

Giulia Prates disse...

Po, não falou do erro CRASSO na última cena do filme.. close do Brad Pitt de camisa branca e gravata borboleta preta; corta, volta pra ele, agora só com um lado da gravata aparecendo; corta, volta pra ele de novo, e os dois lados da gravata estão lá. Tarantiino Tarantiino.. hahahaha



Mas concordo, ótimo filme!

Matheus Miguens disse...

Já fui conquistado pelo filme. Falta vê-lo.
E não atentemos a detalhes imperfeitos, pois são irrelevantes se comparados ao talento e potencial tarantinesco. Mas a crítica à crítica é válida.

Anônimo disse...

Estranho. Eu me encomodo com a duração (looonga) das cenas, mas adoro a tensão que elas me causam. Quase tive 4 infartos de tanta anciedade no cinema. E dei uma bela (e alta) gargalhado com a conversa em italiano.

flu disse...

obra prima é um certo exagero.
bem bom o filme, cenas e atuações sensacionais.
é um bom filme.
obra prima, exagero dos brabos.

Anônimo disse...

obra-prima é exagero... pode ser, dependendo do seu conceito de obra-prima.

mas, considerando a falta de referências e boas construções (principalmente nos diálogos), diria que esse filme é uma obra prima pós-moderna. Não creio que voltemos a paradigmas fellinianos; creio que Tarantino cria, dentro do seu universo de violência underground, algo que está se tornando extremamente mainstream e modificando o paradigma cinematográfico para algo mais "pop" (com as setinhas e os interlúdios), bebendo de ótimas fontes e mantendo uma estética primordial.

mathias, pra mim foi ótimo.

Rafael Mathias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rafael Mathias disse...

Mathias falando:
Há um exagero sim, na forma como se é digerido o termo obra-prima.
Para mim Inglourious Basterds é o melhor filme de Tarantino, por conseqüência, sua obra-prima.
Há quem diga que Pulp Fiction é sua obra-prima. É difícil pra mim discordar totalmente, o filme é excelente, mas simplesmente preferi Inglourious.

morphomenelaus disse...

"eu estaria me cagando se fosse vcs" hahaha... mt bom... melhor que isso... só o brad pitonga falando italiano!

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