Um apartamento num prédio antigo. Noite. Uma mulher nua, com uma beleza sutil, leve. Um casal fazendo sexo. No dia seguinte, um boêmio. O homem pós-coito. Um misantropo sufocado por seus pensamentos e por crises inspiracionais e emocionais. Um escritor fracassado. Uma imagem âmbar, um lugar cheirando a mofo, arquitetura antiga, uma textura europeia.
Sentemos e sintamos. Algo nouvelle vague, woodyallenianesco e noir. Cheiro de cultzão. Pois bem, adoro ficar meio puto com o filme e ele diz ‘rá, não me subestime, biatch!’
Oquei, não foi isso tampouco o que aconteceu. Mas é legal pegar essa estética, esse negócio todo e meio que limpar a bunda com isso. Não num sentido pretensioso, mas sim numa tentativa de rir, de voltar a algo que o Cinema Brasileiro vem perdendo: o humor de chanchada. Rir de pau e bunda. Rir de mandar alguém tomar no cu quando esse alguém pede dinheiro emprestado. Se isso é digno ou não, deixemos para a filosofia do humor moral. Mas é interessante termos variedade, ela nos abre olhos a novos caminhos.
O roteiro é surpreendente. Ele é conduzido desigualmente, e vou justificar com um comentário clichê: tem muitas cenas clichês. A festinha com cocainômanos é um elemento que me enche muito a paciência. Mas, sim, há grandes acertos, principalmente no jogo de planos onde Zeca é tentado por Carol. A atuação é justa, Caio Blat e Daniel Dantas cumprem competentemente seus papéis. A argentina Luz Cipriota é realmente gostosa interessante.
Mas a surpresinha do roteiro vale a ida ao cinema. Vale também atentar a questões como: que tipo de filme virá pela frente?; que temáticas serão resgatadas?; quantos outros novos diretores como Paulo Halm (roteirista, dirigiu aqui seu primeiro longa) terão coragem de se libertar para tentar?
E questões de produção (creio que) pela primeira vez aqui, no Cadernos do Cinema: pô, por que escolheram esse título enorme e nada prático? E pior: por que raios o título do filme em inglês é Spleen? Spleen significa “baço” em português e pode significar metaforicamente “revolta”, “raiva”. Será porque tem alguma coisa a ver com a renovação das células de sangue, daí muda aquilo que alimenta o coração e toda essa simbologia do que alimenta o amor? Será que é porque, como vivemos no país do futebol, 90 minutos é um conceito que vende? Ou seria isso por causa da surpresinha?
Ainda acho que o filme devia se chamar 20 motivos (pra se ver uma história de amor). Por quê? Surpresinha...
5 comentários:
Você me deixou altamente curiosa por conta dessa tal surpresinha. haha
E QUE diferença de títulos! A gente tava falando sobre isso nessa semana... mas achei o nome em português, à primeira vista e antes de ver o filme, interessante. É realmente grande, mas, sei lá, simpatizei.
Mas... por que só 2 estrelas? A surpresinha só vale isso? haha
estrelas, quero dizer, rabiscos.
ah, o filme não é assim, uma brastemp.
a proposta é mais legal q o resultado, mas isso é a minha opinião.
com certeza, se o mathias tivesse escrito sobre esse filme, ele daria 3 ou 4 estrelas. *e jogo no ar o mistério*
ahrg... filminho (clichê) clichê até o fundo da alma...
não sei se é por que o assunto é super normal pra mim, mas eu não vi nada de demais no filme...
nem mesmo "surpresinha"
e socorro, que merdas de diálogos...
1 rabisco tava bom já
MATHEUS, ainda estou esperando a parte 2.
ou vc vai postar só às vésperas do oscar 2011?
hahaha
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