quarta-feira, 10 de março de 2010

O Pós-festa [Parte 1]

ESPECIAL OSCAR 2010*
Por Matheus Miguens



Ahhh, o Oscar! Evento tão esperado pelo mainstream da sétima arte. [Num vem não, todo mundo gosta do Oscar! Num cabe dar uma de indie cult agora!] E depois de 81 edições de puro tradicionalismo ortodoxo, eles ainda conseguiram reservar algumas surpresinhas para nós! Fiquei surpreso sim, porém satisfeito. Dylan estava certo, os tempos estão mudando. E de alguma forma, as pequenas ‘zebras’ desse ano (sim, eu achei que elas existiram!) não me incomodaram muito, simplesmente porque elas aconteceram! Num é legal?

Começando pelo espetáculo em si, gostei – o do ano passado foi melhor. Grandioso, impecável e sem erros, como sempre. Como apresentadores, achei Steve Martin e Alec Baldwin harmoniosamente se complementaram no palco. Com piadinhas ensaiadas e tiradinhas improvisadas, conseguiram arrancar algumas risadas minhas - Ben Stiller arrancou muitas! Apesar da abertura sem-graçilda - um número musical com Neil Patrick Harris, da série How I Met Your Mother - tiveram algumas homenagens legais, como para os filmes de terror (constantemente esquecidos pela Academia) e para o diretor John Huges, recentemente falecido, que nos deixou alguns presentes cinematográficos, como Curtindo a Vida Adoidado e Clube dos Cinco (uns dos meus filmes prediletos!). Teve um número de dança meio fora de propósito numa homenagem às trilhas sonoras, mas nada que tirasse o brilho da festa.

Quanto às premiações, minhas apostas foram por água abaixo. Não fiquei de todo o triste e já expliquei o porquê, mas depois de uma taxa de 90% de acerto no Oscar do ano passado, os míseros 60% desse ano anularam completamente a minha chance de ganhar um passe livre do Cinemark (merchan pode?) de 1 ano grátis de cinema! Mas tudo bem, Oscar não tem jeito. Para cada categoria, você precisa qualificar os concorrentes em: pra qual você está torcendo, qual seria o mais justo vencer e quem realmente vai levar. É isso, torcida, justiça e predestinação são características independentes na festa dos Academy Awards, mesmo andando juntas em algumas categorias. Como eu não vou falar de todos, para a lista completa de indicados e ganhadores, clique no link.

Começando pela ordem crescente de importância (segundo a Academia), vou logo dizendo que documentário não teve pra ninguém. O surpreendente The Cove era visivelmente favorito. Superior aos demais concorrentes, o filme trata da matança de mais de 20 mil golfinhos por ano em Taiji, no Japão, e as razões disso são assustadoras. Mostra a indiferença das autoridades japonesas quanto ao fato e de que forma eles acabam ganhando com isso. Vale a pena ver, muito interessante. Talvez quem tivesse também um pouco de chance ao prêmio fosse o Food, Inc., que trata dos bastidores da indústria alimentícia americana. Apesar de eu não aguentar mais documentários sobre comida que não mostram muita coisa de novo e acabam em lugares comuns, esse é interessante e de alguma forma também assustador. Aí vai a dica: Veja Food Inc. e logo depois O Desinformante (2009), o recente filme de Soderbergh com Matt Damon. Verás e entenderás.



Filme estrangeiro. De longe, a maior zebra da noite! A Fita Branca [crítica A Fita Branca] (vencedor de 15 prêmios, incluindo Cannes, BAFTA e Globo de Ouro) não levou! Foi uma surpresa, já que o filme alemão concorreu também à fotografia com os gigantes americanos. E quem ganhou? Talvez seu canditado direto, O drama francês O Profeta? Não. Não?! A Teta Assustada, pode ser? O filme peruano que surpreendeu a todos, muito bom. Também não. O fato é que os filmes da categoria esse ano são fenomenais, mas quem desbancou todos foi aquele modesto filme argentino chamado O Segredo dos Seus Olhos, de Juan José Campanella. Aprendemos à lição, vamos todos vê-lo, inclusive eu. Ele acaba de chegar aos cinemas aqui. O filme conta a história de um aposentado oficial de justiça que resolve escrever um romance sobre um caso de assassinato que presenciou no passado. Tem que valer a pena.

Animação não teve graça. É a minha categoria preferida, mas a Pixar tem o talento de transformá-la em covardia, quando está presente dentre os concorrentes. Como era de se esperar, o estúdio da Disney levou o prêmio mais uma vez com seu último longa Up![crítica Up!]. Com exceção do Tá Chovendo Hamburger, que num vale nem o itálico do nome, os outros concorrentes eram (na verdade, são) excelentes como filmes, mas não como concorrentes. Coraline foi o que mais me encantou. Dirigido por Henry Selick (O Estranho Mundo de Jack), o filme é baseado no romance homônimo de Neil Gaiman sobre uma menina que descobre um mundo idealizado por suas frustrações. Quer outra razão para vê-lo? Sua animação é toda realizada em stop-motion! É o caso também de outro concorrente, Fantastic Mr. Fox, do excêntrico talentoso Wes Anderson (The Royal Tenembaums). Apesar de tudo, confesso que Up é superior a todos. Tão superior, que concorreu também às categorias Filme, Roteiro Original e Trilha Sonora (que acabou levando, graças ao excelente trabalho de Michael Giacchino). Com esses dois, a Pixar soma agora 9 Academy Awards em 10 filmes já feitos! É pra quem pode.



Efeitos Visuais. Favoritismo estipulado, favoritismo obedecido. Como também em direção de arte. Com mérito, Avatar levou os dois. Porém a festa do super-star-system de Cameron parava por ali, só dando tempo para mais um Oscar, o de fotografia, que não havia um favorito. Apesar de ter acertado, cogitei a possibilidade dos excelentes trabalhos fotográficos deGuerra ao Terror e A Fita Brancaganharem. A proposta de cor e luz nos três são bem diferentes e qualquer um que vencesse, eu acharia justo. Mas em Avatar, a fotografia além de fundamental, é tecnicamente perfeita em sua proposta.

Figurino eu acertei! Apesar dos grandes concorrentes, The Young Victoria já tinha ganhado o prêmio do Sindicato dos Figurinistas e de alguma forma era favorito. Com excelentes trabalhos de figurino e direção de arte, o filme se passa no século dezenove e conta os turbulentos primeiros anos da Rainha Victoria do Reino Unido. No páreo, estavam o burlescoNine[crítica Nine] e Coco Antes de Chanel [crítica Coco Avant Chanel], filme que a indumentária é temática central.

Montagem não foi zebra, mas foi injusto. Relembrando a regra que disse no início, quais são as três divisões a serem feitas dentre os indicados? A torcida, a justiça e o favoritismo (pré-destino). Veja bem, o justo e o favorito costumam andar juntos na maioria das vezes, mas nem sempre! Por exemplo, montagem (lê-se edição). Torcida (minha): Bastardos; Justo:Distrito 9 (além de genial, a mais trabalhosa de todos os indicados); Favorito: Avatar (Porque é Avatar). Vencedor: Guerra Ao Terror. (??) Tudo bem que a edição do filme é boa e foi fundamental para complementar o belo trabalho de direção de Kathryn Bigelow, mas eu realmente considerei melhores. Fazer o que...

[continua...]

4 comentários:

Anônimo disse...

ah... eu dorei a dancinha pra trilha sonora de UP.. rsrrss

e UP bem que poderia levar o Oscar de roteiro original. Assisti o hurt locker essa semana, e não vi metade do que esperava.

e a Pixar não é estudio da Disney!! (revolta)
Pixar é Pixar! (ponto) :p

montagem eu esperava bastardos ou avatar. Sem comentários quanto a isso. Sem mencionar a indicação do ator de Guerra ao terror (WTF?)

mas ainda assim, pra mim foram os premios de sound editing and mixing que mais me irritaram.

esse prêmios técnicos eram certíssimos para avatar. Afinal de contas, acho que com 500 milhões é mais garantido você acertar isso do que com 16, né!?!? enfim

it's all about politics

Mare Soares disse...

Cara, adorei esse blog =P

Vejamos, minhas apostas também foram por água abaixo, também perdi a promoção. E feio! Eu achava que ia perder porque não tinha visto o James Cameron na lista e acabei votando no Tarantino em direção... Ainda acho que Tarantino era o melhor diretor, mas ia votar no Cameron.. Mas perdi por tudo mesmo. Acertei.. 1/3, talvez? who knows?
Minhas surpresas, ao menos dos filmes que vi, foram até positivas. Não gostei de Guerra ao terror, mas comemorei muito quando avatar perdeu. :P não que eu ache avatar ruim, mas pra mim é parecido com pocahontas, sim, não teve originalidade nenhuma e isso me broxa.
A surpresa negativa da noite foi... Sandra Bullock. Mas é preconceito meu. Detesto Sandra Bullock. A cada 10 filmes ruims que ela faz, tem um bom. :S
Tava torcendo pra Meryl, como sempre. Ainda não vi Preciosa, mas tenho apostado em Gabourey Sidibe.
Mas para melhor filme, dos que eu vi, ao menos, Bastardos Inglórios é excelente, mas Distrito 9 merecia. :S

Anônimo disse...

E a Teta assustada q não levou......... =(

chuinf, chuinf T.T

Unknown disse...

Agora a reclamação é também virtual: posta logo a segunda parte! :P

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