quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Coco Antes de Chanel (Coco Avant Chanel)

SESSÃO "Crítica Dupla"



Por Gabriel Giraud

Ver filmes biográficos foi sempre um problema para mim. Sempre achava chato. Poxa, pensava eu, como pode ser legal um filme que você sabe que o personagem principal morre no final. Confessar-lhes-ei, estimados leitores, que guardava esse enjoozinho até pouco tempo, quando caí numa sala de cinema para ver Diários de motocicleta. Aprendi como um recorte interessante de uma vida polifônica pode ser atraente. Isso quebrou o meu preconceito.

Algum tempo depois, ocorreu-me um arroubo sentimental quando vi La Môme – principalmente pela atuação enérgica e majestuosa de Marion Cotillard –, e isso me mostrou quão grandioso esse gênero pode ser. Já em Coco avant Chanel, a biografia cinematográfica chega a um equilíbrio e a uma sensatez matemáticos.

A atuação de Audrey Tautou liberta-se do estigma “Amélie Poulain” – pelo menos eu sempre a via como “a cara francesa conhecida para fazer filmes de alcance internacional”– e atinge um trabalho justo e preciso. Desse modo, o recorte da vida de Chanel – muito bem desenhado pela, além de co-roteirista, diretora Anne Fontaine – ganha uma riqueza e profundidade, revelando quão importante foi essa fase para a formação da própria personagem que Chanel era na vida real.

O trabalho harmônico entre os movimentos de câmera e a trilha aponta os momentos de decisão de Coco, sempre num enquadramento em que ela fica no centro, destacada por sua diferença da mesmice que a envolve. No entanto, o grand finale com o jogo de espelhos no seu desfile brinca com as várias facetas dessa mulher – sempre com um rigor estético impecável.

Coco avant Chanel é, como a crítica do JB disse, “clássico como um tailleur Chanel”. Acrescentemos, justamente: e também é lindo.



Por Victor Quintanilha

Assisti ao filme com uma expectativa não correspondida, o que não é de todo mal. Esperava apenas mais uma biografia, sendo que com um bônus: um catálogo de moda. A película foge disso ao exibir o figurino em níveis aceitáveis, sem corromper ou desencaminhar a história, utilizando como manequim as medidas e a graciosidade de Audrey Tautou.

Graça e feminilidade que são levadas quase ao limiar, sem comprometê-las, a partir do ponto que a Gabrielle Chanel é retratada como uma mulher de beleza o mais próxima possível do natural, fugindo da exuberância e dos excessos. Característica que se reflete na maquiagem da Audrey, simples e descompromissada de esconder as olheiras e outras imperfeições.

Também com pouca maquiagem é contada sua história. Chanel, segundo o filme foi uma mulher distinta, que soube abrir as pernas para as pessoas certas (o que não implica em falta de competência), e se tornou uma das mulheres mais poderosas da época, em uma sociedade completamente machista.

Vale destacar a grande interpretação de Benoît Poelvoorde como coadjuvante, com o humor e a caricatura de um aristocrata do início do século XX. Um personagem que é introduzido como uma pessoa repulsiva, mas que, ao longo do filme, conquista o expectador.

Os enquadramentos são bem escolhidos e a composição é de se respeitar. O que deixa a desejar é o foco de muitos planos abertos do filme, sempre um foco doce ou um foco em um ponto sem fundo narrativo ou de qualquer tipo de significação. O motivo para isso? Não sei.

Ao final da projeção vê-se levantar uma grande mulher, que alcança patamares jamais imaginados. Toda sua imponência é explorada em um desfile de sua grife (o único do filme), uma seqüência belíssima, repleta de espelhos e quadros com predominância da cor branca numa escada espiral. Escada que subiu acima de todos.


3 comentários:

Anônimo disse...

o meu texto nao é o revisado, entao ta com os erros que a gte jah tinha apontado...

Anônimo disse...

Victor, já fizeram O Diabo Veste Prada. Você queria o q, um O Diabo Veste Chanel?!

Se não reparou, o nome do filme é Coco ANTES de Chanel, ou seja, a mulher antes da marca, o pessoal antes do comercial.

Fiquei curioso em relação às suas expectativas (que não foram alcançadas). O trailer mostrava muito bem o que o filme propunha.

Unknown disse...

Não sei em que sentido já terem feito O diabo veste prada influencie produzirem um filme sobre a chanel nessa mesma linha.
Não confio em trailers e não escrevo apenas para quem já assistiu ao trailer de determinado filme. Ótimo que tenha assistido, assim pode ver que não falei nenhuma mentira aqui a respeito do conteúdo do filme.
Não leve os títulos sempre ao pé da letra. Ou você achou que "Não é mais um besteirol americano" realmente não era mais um besteirol americano?

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