segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ode ao gauchês teen

Por Gabriel Giraud


O cinema brasileiro se resume a favela, violência, questões sociais, zero-meias e zé pequenos, certo? Errado. Tem muito filme muito bom que trata do homem-indivíduo, de análises psicológicas, de sentimentos... Noite Vazia (Walter Hugo Khouri), Bicho de Sete Cabeças (Laís Bodanzky) e Eu Sei Que Vou Te Amar (Arnaldo Jabor) são alguns títulos que são como óleo no oceano do cinema brazuca.

Os Famosos e os Duendes da Morte tem uma pretensão de ser um filme revolucionário, pois trata do universo ligeiramente emo dos adolescentes, passando por questões como a rede de contatos virtual e amor, depressão e morte. Além disso, sua estética busca a plasticidade e a perfeição a todo custo, com movimentos de câmeras vazios em significado e enquadramentos fotográficos pelo simples prazer de colorir a tela com um desenho bonito. Bem que minha mãe dizia: “meu filho, se você come chocolate todo dia, você vai acabar esquecendo o quanto é bom comer chocolate”. Aqui é um pouco a mesma coisa: cada travelling charmoso do menino no computador indo da esquerda pra direita, cada luz refletida nos belos cabelos castanhos, cada close naqueles rostinhos burgueses acaba soando como um excesso.


A história também tem a pretensão de mostrar a vida dos jovens de hoje. Então, prepare-se para uma vida vazia, chata e com o iPod no ouvido. As tensões são misteriosas, o que é reconhecível é tudo aquilo que todos nós já conhecemos do universo adolescente: menininho querendo pegar menininha, menininho fumando baseado, menininho na internet, menininho brincando com o outro menininho e, incrementando, menininho numa vibe emo. A relação com a família é relativamente fria, a relação com a cidade é estranha para nós, moradores de uma megalópole.

A criançada é a velha burguesia tête-à-claque com carinha de picolé de chuchu. Bem, há quem goste. No fim, senti que perdi duas horas da minha vida vendo aquilo. Nosso parceiro de blog, Mathias, curtiu, achou original. Pois é, como eu disse, há quem goste. Mas eu ainda queria uma originalidade com algo que fizesse mais sentido. E a nova geração, em vez de ter pretensões de originalidade absoluta, podia dialogar mais com as maravilhosas obras do cinema brasileiro de outras gerações que fogem do feijão-com-arroz cinematográfico.

4 comentários:

Jess Weiss disse...

hahahaha adorei a crítica!!!

Unknown disse...

Espero que o nome do filme faça de fato sentido, porque pra mim se enquadra naquela categoria "vou inventar título estranho pra posar de cult"...
Mas me intrigou, quero ver haha.

jojo disse...

adorei a critica tambem! Muito boa. Obrigado, vc me convenceu, eu nao vou gastar meu tempo e meu dinheiro pra esse filme.

Anônimo disse...

o título não faz sentido. fiKdiK

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