Mas o que me amedronta, me surpreende e me instiga é como uma narrativa oriental pode ser considerada genial no ponto de vista da crítica ocidental. Parece que estamos sedentos por essa psicopatia social tão características dessas áreas superpopulosas e por uma estética que saia do pop ladygaguiano. Talvez não, talvez seja uma real genialidade desses diretores coreanos que conseguiram, com suas temáticas, transcender com uma narrativa simples e chegar num íntimo humano jamais antes alcançado – o íntimo do desespero (sem apelos ao terror gratuito, mas ao terror como consequência de medidas desesperadas). Questões para pensarmos.
Não sei se você sabe, estimado leitor, que um filme que provavelmente você viu e muito provavelmente você a-m-o-u foi escrito e dirigido por Bong. Tokyo!, aquele filme tríptico com três médias (uma do Michel Gondry, Interior Design; outra do Leos Carax, Merde; e a terceira dele mesmo, Bong, Shaking Tokyo). Esse filminho dele, bem como Mother, trata a sociedade como uma máquina má. Escapa dela quem se isola completamente. Mas deixemos isso de lado.
Por fim, os simbolismos, a estética, a atuação e, principalmente, a narrativa, me fizeram dar o meu primeiro cinco rabiscos. Eu, ao longo do filme, hesitava entre três ou quatro rabiscos, mas, pela primeira vez, eu vi um deus ex-machina que faz o filme ganhar uma dimensão absurda. Uma agulhadinha e – nunca pensei que anestesiar uma dor e a consciência fosse tão simples. Talvez seja por isso que esse filme seduz. Nunca a anestesia e o torpor, tão desejados pelo homem moderno, foram tão francamente expostos.
(Música final maravilhosa. Pena que a p*** do Espaço de Cinema esteja com o som horrível.)
5 comentários:
Esse gênero não me agrada, mas vou comentar porque a crítica foi muito bem escrita. Parabéns :)
assim eu fico todo bobo =o)
obrigado ^^
Cara, gostei do teu texto, acima de tudo. Descontraído, gostoso de ler e simples.
Vou assistir.
:)
adorei o filme tambem e concordo com sua critica. Parabens para Bong e Gab!
uma coisa so: vc acha o final "tragico e pessimista" mesmo?
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