sábado, 5 de junho de 2010

Nada de novo

Por Matheus Miguens


O cineasta Roman Polanski está preso desde novembro de 2009 na Suíça, acusado de pedofilia em um caso que se envolveu nos anos 70, cuja culpa ele mesmo assumiu na época. É nessa atmosfera que a gente critica seu mais recente thriller, O Escritor Fantasma, que já começa mal pelo título.

A tradução literal do original The Ghost Writer emprega um sentido estranho ao título. O termo, originalmente em inglês, designa uma pessoa que escreve em nome da outra, atividade muito comum na redação de discursos políticos, palestras e “auto”-biografias. Por ser uma expressão idiomática, quando passado pro português ela perde o sentido e o filme se transforma num Terror! Ponto fraco numa obra que é essencialmente comercial. Passado isso, ela até que é interessante.

Ewan McGregor é o personagem título – que curiosamente não recebe um nome –, contratado para continuar escrevendo as memórias de Adam Lang (Pierce Brosnan), um ex primeiro ministro britânico, após a misteriosa morte de seu escritor fantasma anterior. Quando o político é acusado de envolvimento comcrimes de guerra, o trabalho, que já era perigoso, passa a tomar enormes e perigosas proporções, a ponto de colocar a vida de ambos em risco. É aí que o escritor deixa o dever de lado para se aventurar nas investigações das falcatruas do político. O Escritor Fantasma é baseado no livro The Ghost, de Robert Harris, que não faz a menor questão de esconder que é inspirado na vida do primeiro-ministro Britânico Tony Blair.

O fato é que o filme, apesar de suas qualidades – e elas existem –, não convence. Não passa de um thriller-americano-nada-surpreendente que beira o clichê. A história pode ser desvendada facilmente nas primeiras cenas e pelo próprio gênero era meio lógica a conclusão trágica do final. Acrescente a isso o sotaque britânico fake-bizarro de Pierce Brosnan e o péssimo cromaqui, nós temos um filme que não é digno de Roman Polanski.

Exceto a direção, que rendeu a Polanski o Urso de Prata no Festival de Berlim deste ano. O diretor tem uma intimidade com a câmera que o emprega a capacidade de fazer de uma história cheia de clichês um exemplo de direção cativante. As cenas são muito bem conduzidas com enquadramentos e sequências boas. Não só isso, mas a atmosfera do filme também me agrada. É conferida uma aura noir, com imagens cheias de sombras e um ambiente predominantemente acinzentado, sob constante clima nublado, acompanhado de uma trilha sonora de cordas igualmente sinistra. Mas para por aí.

O filme é até legal, ainda que não pessoal e sem qualquer traço autoral. Mas não convence uma pessoa – eu – que sempre reclama dos roteiros que se repetem no cinema.



2 comentários:

Giulia Prates disse...

Todo mundo falou bem do filme, menos você hahaha quer criar polêmica!!!!

Mentira, não posso afirmar isso porque ainda não assisti.. futuramente estarei aqui pra comentar direito :)

;*

Matheus Miguens disse...

é isso aí, tenho meus argumentos!
o filme é legal, só acho que não acrescenta em nada e custa duas horas que poderiam ser aproveitadas de maneira mais produtiva. hehe
veja e volte. bjo

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