O tema era a luta de seu protagonista - um músico de jazz representado por Frank Sinatra - para superar seu vício em heroína. E ao contrário dos outros filmes que Sinatra contracenava, os créditos desse não levavam seu rosto , mas o desenho de um braço de viciado em heroína. Sim, a imagem é forte, ainda mais para aquela época e foi justamente por saber que era um conceito forte de dependência que o designer a escolheu. Seu nome era Bass, Saul Bass.
Aparentemente ilimitado na criatividade, Bass não foi apenas um dos grandes designers gráficos do século XX, com seus pôsteres, mas foi o cara que encontrou expressão nas aberturas dos filmes, usando todo o potencial criativo que eles tinham. Pioneiro na utilização de técnicas de animação que traziam com elas efeitos emocionais e psicológicos, Bass foi reconhecido em seu trabalho após trabalhar com Alfred Hitchcock, Otto Preminger e Matin Scorsese.
Suas colaborações mais reconhecidas são com Hitchcock, em Vertigo (1958) e Psicose (1960). O designer fez da abertura inicial de Vertigo sua obra prima, com o drama, o suspense e com referências à vertigem que seu personagem principal sofre.
O que muita gente não sabe é que em Psicose a participação de Bass foi muito além da cena dos créditos. O designer arquitetou o modo como a cena clássica do assassinato do chuveiro foi filmada, desenhando-a inteira em storyboard antes as filmagens. Dizem até que Bass saiu divulgando por aí que foi o diretor da cena, mas isso é assunto pra outra hora.
Enquanto o seu grau de participação em Psicose permanece difícil de identificar, Bass deixou sua inconfundível marca habitual no título de seqüências do filme e esta foi a terceira e última colaboração entre o designer e o diretor inglês. Sim, terceira, eles antes trabalharam juntos em Vertigo e Noth by Northwest (1959), mesmo que nesses Bass tenha se limitado a seqüências de título.
Saul Bass foi um gênio com estilo, começou trabalhando como uma espécie de “freelancer designer gráfico” e morreu como uma lenda do cinema em 1996. Scorcese descreveu uma vez sua abordagem como a criação de uma “imagem emblemática, imediatamente reconhecível e imediatamente ligada ao filme". Sei bem o que ele quer dizer, não há como discordar, Bass é o cara.