Começando pelo espetáculo em si, gostei – o do ano passado foi melhor. Grandioso, impecável e sem erros, como sempre. Como apresentadores, achei Steve Martin e Alec Baldwin harmoniosamente se complementaram no palco. Com piadinhas ensaiadas e tiradinhas improvisadas, conseguiram arrancar algumas risadas minhas - Ben Stiller arrancou muitas! Apesar da abertura sem-graçilda - um número musical com Neil Patrick Harris, da série How I Met Your Mother - tiveram algumas homenagens legais, como para os filmes de terror (constantemente esquecidos pela Academia) e para o diretor John Huges, recentemente falecido, que nos deixou alguns presentes cinematográficos, como Curtindo a Vida Adoidado e Clube dos Cinco (uns dos meus filmes prediletos!). Teve um número de dança meio fora de propósito numa homenagem às trilhas sonoras, mas nada que tirasse o brilho da festa.
Quanto às premiações, minhas apostas foram por água abaixo. Não fiquei de todo o triste e já expliquei o porquê, mas depois de uma taxa de 90% de acerto no Oscar do ano passado, os míseros 60% desse ano anularam completamente a minha chance de ganhar um passe livre do Cinemark (merchan pode?) de 1 ano grátis de cinema! Mas tudo bem, Oscar não tem jeito. Para cada categoria, você precisa qualificar os concorrentes em: pra qual você está torcendo, qual seria o mais justo vencer e quem realmente vai levar. É isso, torcida, justiça e predestinação são características independentes na festa dos Academy Awards, mesmo andando juntas em algumas categorias. Como eu não vou falar de todos, para a lista completa de indicados e ganhadores, clique no link.
Começando pela ordem crescente de importância (segundo a Academia), vou logo dizendo que documentário não teve pra ninguém. O surpreendente The Cove era visivelmente favorito. Superior aos demais concorrentes, o filme trata da matança de mais de 20 mil golfinhos por ano em Taiji, no Japão, e as razões disso são assustadoras. Mostra a indiferença das autoridades japonesas quanto ao fato e de que forma eles acabam ganhando com isso. Vale a pena ver, muito interessante. Talvez quem tivesse também um pouco de chance ao prêmio fosse o Food, Inc., que trata dos bastidores da indústria alimentícia americana. Apesar de eu não aguentar mais documentários sobre comida que não mostram muita coisa de novo e acabam em lugares comuns, esse é interessante e de alguma forma também assustador. Aí vai a dica: Veja Food Inc. e logo depois O Desinformante (2009), o recente filme de Soderbergh com Matt Damon. Verás e entenderás.
Filme estrangeiro. De longe, a maior zebra da noite! A Fita Branca [crítica A Fita Branca] (vencedor de 15 prêmios, incluindo Cannes, BAFTA e Globo de Ouro) não levou! Foi uma surpresa, já que o filme alemão concorreu também à fotografia com os gigantes americanos. E quem ganhou? Talvez seu canditado direto, O drama francês O Profeta? Não. Não?! A Teta Assustada, pode ser? O filme peruano que surpreendeu a todos, muito bom. Também não. O fato é que os filmes da categoria esse ano são fenomenais, mas quem desbancou todos foi aquele modesto filme argentino chamado O Segredo dos Seus Olhos, de Juan José Campanella. Aprendemos à lição, vamos todos vê-lo, inclusive eu. Ele acaba de chegar aos cinemas aqui. O filme conta a história de um aposentado oficial de justiça que resolve escrever um romance sobre um caso de assassinato que presenciou no passado. Tem que valer a pena.
Animação não teve graça. É a minha categoria preferida, mas a Pixar tem o talento de transformá-la em covardia, quando está presente dentre os concorrentes. Como era de se esperar, o estúdio da Disney levou o prêmio mais uma vez com seu último longa Up![crítica Up!]. Com exceção do Tá Chovendo Hamburger, que num vale nem o itálico do nome, os outros concorrentes eram (na verdade, são) excelentes como filmes, mas não como concorrentes. Coraline foi o que mais me encantou. Dirigido por Henry Selick (O Estranho Mundo de Jack), o filme é baseado no romance homônimo de Neil Gaiman sobre uma menina que descobre um mundo idealizado por suas frustrações. Quer outra razão para vê-lo? Sua animação é toda realizada em stop-motion! É o caso também de outro concorrente, Fantastic Mr. Fox, do excêntrico talentoso Wes Anderson (The Royal Tenembaums). Apesar de tudo, confesso que Up é superior a todos. Tão superior, que concorreu também às categorias Filme, Roteiro Original e Trilha Sonora (que acabou levando, graças ao excelente trabalho de Michael Giacchino). Com esses dois, a Pixar soma agora 9 Academy Awards em 10 filmes já feitos! É pra quem pode.
Efeitos Visuais. Favoritismo estipulado, favoritismo obedecido. Como também em direção de arte. Com mérito, Avatar levou os dois. Porém a festa do super-star-system de Cameron parava por ali, só dando tempo para mais um Oscar, o de fotografia, que não havia um favorito. Apesar de ter acertado, cogitei a possibilidade dos excelentes trabalhos fotográficos deGuerra ao Terror e A Fita Brancaganharem. A proposta de cor e luz nos três são bem diferentes e qualquer um que vencesse, eu acharia justo. Mas em Avatar, a fotografia além de fundamental, é tecnicamente perfeita em sua proposta.
Figurino eu acertei! Apesar dos grandes concorrentes, The Young Victoria já tinha ganhado o prêmio do Sindicato dos Figurinistas e de alguma forma era favorito. Com excelentes trabalhos de figurino e direção de arte, o filme se passa no século dezenove e conta os turbulentos primeiros anos da Rainha Victoria do Reino Unido. No páreo, estavam o burlescoNine[crítica Nine] e Coco Antes de Chanel [crítica Coco Avant Chanel], filme que a indumentária é temática central.
Montagem não foi zebra, mas foi injusto. Relembrando a regra que disse no início, quais são as três divisões a serem feitas dentre os indicados? A torcida, a justiça e o favoritismo (pré-destino). Veja bem, o justo e o favorito costumam andar juntos na maioria das vezes, mas nem sempre! Por exemplo, montagem (lê-se edição). Torcida (minha): Bastardos; Justo:Distrito 9 (além de genial, a mais trabalhosa de todos os indicados); Favorito: Avatar (Porque é Avatar). Vencedor: Guerra Ao Terror. (??) Tudo bem que a edição do filme é boa e foi fundamental para complementar o belo trabalho de direção de Kathryn Bigelow, mas eu realmente considerei melhores. Fazer o que...
[continua...]